De maneira paralela, a 14ª Bienal de Curitiba e a Fundação Brasilea apresentam, em Basel – Suíça, duas artistas brasileiras: Angela Lima e Rosângela de Andrade Boss. A exposição é um projeto em parceria com a Bienal, uma vez que ambas as artistas estiveram expondo na feira anterior, no ano de 2017. Seus trabalhos foram selecionados pelo caráter lúdico que as artistas implementam tanto na seleção do tema quanto no processo de vinculação de seus diferentes estilos.
A arte de Angela Lima é caracterizada pela convicção de que sua própria experiência e subjetividade são indispensáveis em todos os projetos que desenvolve.
Antes do processo criativo, Angela Lima mergulha de maneira profunda no seu ser mais íntimo e nas experiências vividas, embarca em uma viagem de introspecção que acaba por trazer muito à superfície e permitir que tudo seja projetado na tela. Como amante do cinema, ela procede como na produção cinematográfica. Conta projetos como histórias e os divide em tomadas de filmes, que ela depois trabalha literalmente em várias cenas. “Não tenho uma sequência literal, mas tenho uma visível”.
A artista produz esboços brutos, que depois transfere para vários materiais. Angela Lima está constantemente à procura de características para as cenas individuais nas quais há, também e com frequência, áreas vazias. Tais espaços vazios estão presentes em todas as peças e, pelo menos um lado de seu trabalho, é abertamente construído para deixar espaço para interpretação dos espectadores e permitir que eles mergulhem na obra a qualquer momento.
Ela descreve sua maneira de trabalhar como um processo final, pois uma história que consiste em várias cenas é concluída e coordenada como um todo. Isso envolve questionar e avaliar o tempo todo qual é a posição certa para cada objeto individual, qual detalhe é importante ou pouco importante e pode, portanto, ser omitido. Espaços vazios são limpos, objetos são adicionados, peças são removidas completamente e outras são substituídas por novas.
Durante sua residência artística no atelier temporário da Brasilea, Angela propôs-se a navegar pelos momentos mais felizes, leves e divertidos de sua infância. Ela faz uso de elementos formativos de sua carreira profissional em design de moda e os mistura com a linguagem visual e formal da fotografia em movimento. Pessoas e objetos parecem saltar fora dos limites da moldura, vazios são preenchidos ou deliberadamente deixados assim, partes são misturadas, estratificadas e cortadas. O resultado é um jogo místico de estrutura, filtros e profundidade.
A exposição apresenta 22 peças que se relacionam com as de Rosângela de Andrade Boss.
O trabalho artístico de Rosângela de Andrade Boss explora fronteiras culturais, sociais e estéticas e as permanentes mudanças a que elas estão sujeitas. A artista é inspirada por uma riqueza de materiais coletados ao longo dos anos. Esses são complementados por fotografias casuais que Rosângela tirou durante suas caminhadas pelo campo e pela cidade, mostrando cenas do cotidiano, documentando-as para que fiquem bem naturais.
As fotografias de um passeio por Curitiba, Estado do Paraná, no Sul do Brasil, servem de base e inspiração para o seu mais recente trabalho artístico: operários em suas frágeis estruturas de andaimes trabalhando em fachadas e nos “olhos” do Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. Os pintores parecem realizar seu trabalho de maneira imprudente, apresentando-se em um estado inseguro de suspensão entre equilíbrio e desequilíbrio, aparentemente incertos sobre se a construção é suficientemente estável. O resultado é uma imagem de desordem escultórica em busca de apoio e estrutura, na qual são explorados os limites do que é viável. Simultaneamente, as cenas retratadas remetem a um castelo de cartas que, devido à instabilidade e fragilidade, pode ruir em segundos. O foco artístico de Rosângela está nos interstícios e nas interseções das estruturas, que ela trabalha extensivamente no estilo da técnica intensiva de impressão de xilogravura e linóleo, a fim de apoiar de modo gráfico estruturas que se confundem com conexões cômicas.
A transformação natural também desempenha um papel importante no trabalho de Rosângela. A natureza parece crescer sem parar e cada metamorfose parece estar fora de controle. De acordo com o princípio da colagem, Rosângela empurra vários fragmentos para um alinhamento, repetindo-se indefinidamente e parecendo caótica quando vista por si só. Esse aparente caos deve-se ao efeito escuro e muito dominante dos desenhos à tinta, que são penetrados por novas formas gráficas em lápis, fita colorida e cores. Criam-se seres híbridos surreais que fundem estrutura e natureza desenfreadas.
As obras de Rosângela, que se caracterizam por contrastes extremos, são definidas por uma conexão aparentemente lúdica e perfeita de todos os elementos e estilos utilizados, que mistura realidade com sonho além do reconhecimento, onde o original não é mais separável do construído.
69 obras são mostradas.
Um catálogo ilustrado em alemão, inglês e português acompanha a exposição.
A Fundação Brasilea tem o prazer de convidar você e seus amigos
para a noite de abertura da exposição:
QUINTA-FEIRA, 24. OUTUBRO 2019, 18:45h
As artistas Angela Lima & Rosângela de Andrade Boss,
o presidente da Bienal de Curitiba Luiz Ernesto Meyer Pereira
e o embaixador do Brasil na Suíça Evandro de Sampaio Didonet estarão presentes.